segunda-feira, 30 de março de 2009

Zezé Motta estréia como diretora de teatro



A atriz Zezé Motta estréia como diretora de teatro em Todo Amor que Houver Nessa Vida, em cartaz na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro.

O espetáculo conta a história de Brian O¿Connor (Rogério Garcia), professor universitário que descobre ser portador de uma doença degenerativa. Casado com o artista plástico Johann Weiss (Filippo Leandro), eles lutam para vencer a doença e o preconceito nos Estados Unidos.

Zezé afirma aceitou o convite por ser algo especial. "Já tinha recebido outros convites para dirigir, mas queria que fosse algo mais que especial, por isso encarei o desafio", disse Zezé.


Fonte: Portal Terra.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Xica da... Xica da... Xica da... Xica da Silva... a Negra



Em 1976, o diretor Carlos Diegues (Cacá Diegues) lança "Xica da Silva", seu maior sucesso de público. O filme se aproveita da abertura política para anunciar, em sua exuberância e otimismo, os últimos dias do autoritarismo e a volta da alegria democrática.

Segundo o próprio Cacá, “florescem inteiras as idéias sobre um certo espetáculo cinematográfico que sempre procurei; Jeanne Moreau, ao vê-lo em Paris, me disse que era "um Lola Montès selvagem" (...) Neste filme, encontrei Zezé, uma irmã querida desde então, uma princesa do Brasil”.

Baseado no romance "Memórias do Distrito de Diamantina" de João Felício dos Santos, o filme conta a história (romanceada) da escrava Chica da Silva, que se tornou um mito na região de Diamantina (MG) ao seduzir o rico contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira.



Chica ficou reconhecida na região como a ‘Chica que manda’, já que possuía um sobrado e alguns escravos. Sua casa ficava na rua do Bonfim, local prestigiado do arraial, com uma capela própria. Possuía ainda, nos arredores do Arraial do Tijuco, uma espécie de castelo, a chácara de Palha, com capela e teatro. Ali, Chica promoveu luxuosas festas e banquetes, e sua fama chegou até à corte portuguesa.

A ostentação em que ela vivia atingiu aspectos surrealistas, quando João Fernandes de Oliveira satisfez seu capricho ao construir um lago artificial e uma caravela manobrada por uma tripulação de dez homens. Tudo para que a amante pudesse “conhecer o mar” sem sair de Minas.

No elenco do filme, Walmor Chagas, José Wilker, Elke Maravilha, Stepan Nercessian, Rodolfo Arena e Altair Lima. E para viver a famosa escrava, Cacá convidou Zezé Motta, que, com sua interpretação, criou um personagem marcante em sua carreira.



Segundo Miriam de Souza Rossini, "Xica da Silva foi a personagem feminina que — ao lado de Florípedes, de 'Dona Flor e seus Dois Maridos, e de Solange, de 'A Dama do Lotação' — marcou época no cinema brasileiro, despertando a atenção do público".

Segundo José Carlos Avelar, "elas aparecem como personagens novos na medida em que não são analisados pela narração nem são colocados dentro da narração para analisar as coisas que se passam em volta deles. Não são um ponto vivo da reflexão sobre a sociedade, mas um reflexo vivo de um ponto da sociedade".

Para Hélio Nascimento, Xica da Silva é o encontro da liberdade com o instinto aprisionado, o momento em que "O conflito entre os impulsos básicos e a civilização é retomado em um ritmo de festa carnavalesca, com utilização dos recursos da sátira, sem esquecer a irreverência e a ironia".


Já para Ismail Xavier, o filme é uma "encenação de um episódio de resistência à dominação branca cercada de lances pitorescos; dentro de um projeto de espetáculo popular celebra a personagem numa mascarada carnavalesca — cores, adornos e alegria —, e Xica na tela é símbolo da astúcia do oprimido e, ao mesmo tempo, encarnação do estereótipo da sensualidade negra".

A partir dessas análises, Miriam de Souza Rossini afirma que "é possível vislumbrar o tema principal do filme Xica da Silva: a luta do negro escravo contra a aculturação e a dominação do homem branco; em última análise, a luta pela liberdade".

Não é assim, porém, que o filme aparece para João Carlos Rodrigues. Para ele, "Xica da Silva é o estereótipo da mulata boa e que ascende socialmente por causa dos seus talentos eróticos." João Carlos considera a personagem um mero objeto sexual. E exemplifica: "Lembremos que em sua primeira aparição ela está debulhando milho para as galinhas, ao som de um belo samba de Jorge Ben, cujo refrão diz "Xica dá, Xica dá, Xica dá", e é chamada pelo filho do sinhô como se faz com as galinhas (xic, xic, xic)".


Prêmios

Festival de Brasília:
Troféu Candango de Melhor Filme
Troféu Candango de Melhor Direção (Carlos Diegues)
Troféu Candango de Melhor Atriz (Zezé Motta)

Instituto Nacional de Cinema:
Coruja de Ouro de Melhor Fotografia
Coruja de Ouro de Melhor Coreografia
Coruja de Ouro de Melhor Atriz (Zezé Motta)
Coruja de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante (Elke Maravilha)

Prêmio Air France de Cinema:
Melhor Filme
Melhor Atriz (Zezé Motta)
Melhor Direção (Carlos Diegues)



Curiosidades:


* Havia 22 pessoas dentro da galé, inclusive Zezé Motta, quando ela afundou. Ninguém morreu, mas as águas consumiram o dinheiro investido. Tudo precisou ser refeito. E foi regiamente compensado pelo público, que comprou 3.183.493 ingressos, em 1976, e colocou o filme na 22.ª posição do ranking de maiores sucessos da era Embrafilme.

* Recebeu o título em inglês de Silver Queen.


Veja cenas de "Xica da Silva" no vídeo abaixo:





Fontes:

* "Olho da História No. 4" - "Xica da Silva e a luta simbólica contra a ditadura" - por Miriam de Souza Rossini.
* Site oficial Cacá Diegues
* Site Adoro Cinema Brasileiro
* Dicionário Mulheres do Brasil




quinta-feira, 26 de março de 2009

Zezé Motta Especial - Vol.I


O Site As Cantrizes apresenta uma homenagem à Zezé Motta, uma das mais completas atrizes e cantoras brasileiras. Imagens de vários momentos da carreira de Zezé ao som de dois de seus grandes sucessos: "Crioula" e "Rita Baiana".




Muito Prazer, Zezé!



“Muito prazer eu sou Zezé
Mas você pode me chamar como quiser
Eu tenho fama de ser maluquete
Ninguém me engana nem joga confete
Ma pra quem gosta de amar e segredo
Eu sou um prato cheio
Eu quero dar uma colher
Eu sou Zezé”

Com estes versos, escritos por Rita Lee, se apresentava à cena musical brasileira, em 1978, Maria José Motta de Oliveira, mais conhecida como Zezé Motta.

Na verdade sua carreira começara bem antes. Nascida na cidade fluminense de Campos dos Goytacazes, a menina Maria José, filha de um músico e de uma costureira, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro quando tinha dois anos de idade.

Começou a fazer teatro participando do grêmio recreativo da escola e conseguiu depois uma bolsa de estudos no Tablado, onde foi aluna de Maria Clara Machado.

A carreira profissional teve início em 1967, quando ela participou do elenco da antológica “Roda Viva”, de Chico Buarque.

Depois participou das montagens de “Fígaro, Fígaro”, “Arena canta Zumbi” e “A Vida Escrachada de Joana Martini” e “Baby Stompanato” (todas em 1969); “Arena Conta Bolívar” (1970), “Orfeu Negro” (1972) e “Godspell” (1974).

No cinema, sua estreia se deu em 1970, no longa `Em Cada Coração um Punhal”, de José Rubens Siqueira e João Batista de Andrade. No mesmo ano atuou em “Cléo e Daniel”, de Roberto Freire. Em seguida, participou de filmes como “Vai Trabalhar Vagabundo” (1973), `Um Varão Entre as Mulheres’ (1974), `A Rainha Diaba’ (1974) e `Banana Mecânica’ (1974).

Na TV, estreou em 1968, com um pequeno papel na novela “Beto Rockfeller”. Depois participou de “A Patota” (1972), “Supermanoela” (1974) e “Duas Vidas” (1976).

Iniciou sua carreira de cantora em 1971, apresentando-se como crooner das casas noturnas Balacobaco e Telecoteco (SP). Produzida por Guilherme Araújo, apresentou-se também em show realizado no Museu de Arte Moderna (RJ). Em 1975, gravou, com Gerson Conrad, o LP “Gerson Conrad e Zezé Motta”, o primeiro de sua carreira. Contudo, seu primeiro LP solo foi "Zezé Motta”, de 1978, que contém a música “Muito Prazer Zezé”, além de outros grandes sucessos, como “Magrelinha” (Luiz Melodia), “Trocando em Miúdos” (Chico Buarque - Francis Hime), “Rita Baiana” (Geraldo Carneiro - John Neschling), “Dores de Amores” (Luiz Melodia), “Crioula” (Moraes Moreira), “Pecado Original” (Caetano Veloso) e “Babá Alapalá” (Gilberto Gil). Uma bela estreia, cercada da nata de compositores da MPB.

Faltou falar aqui do divisor de águas de sua carreira: o filme “Xica da Silva”, de Cacá Diegues.

Mas isso é assunto para um próximo post...